quarta-feira, 16 de junho de 2010

- Anjos de Deus...

É dificil encontrar beleza na morte. É mais dificil ainda encontra beleza num campo de morte. Especialmente Auschwitz.Quatro milhões de judeus morreram lá na Segunda Guerra Mundial. Meia tonelada de cabelo humano ainda está preservada. Os chuveiros que aspergiam gás venenoso ainda existem.
Mas apesar de todas as lembranças dolorosas de Auschwitz, existe uma que é bela. É a lembrança que Gajowniczek tem de Maximilian Kolbe.
 Em fevereiro de 1941, Kolbe estava encarcerado em Auschwitz. Ele era um frade franciscano. Na desolação do matadouro, ele mantinha a mansidão de Cristo. Repartia seu alimento. Dava a sua cama. Orava por seus captores. Logo recebeu o apelido de "Santo de Auschwitz".
 Em julho desse mesmo ano, houve uma fuga da prisão. Era o costume em Auschwitz matar dez prisioneiros para cada um que escapasse. Todos os prisioneiros seriam reunidos no pátio e o comandante selecionaria ao acaso dez nomes do livro de chamada. Essa vítimas seriam levadas imediatamente a uma cela onde não receberiam nenhum alimento ou água até morrerem.
 O comandante começa a chamar os nomes. A cada convocação, outro prisioneiro se adianta a fim de preencher a cota sinistra. O décimo nome que ele chama é Gajowniczek.
 Enquanto os oficiais da polícia secreta verificam os números dos condenados, um destes últimos põe-se a soluçar. "Minha esposa e meus filhos", chora ele.
 Os oficiais se voltam ao ouvir um movimento entre os prisioneiros. Os guardas erguem seus fuzis. Os cães se retesam, antecipando uma ordem de atacar. Um prisioneiro deixou a sua fila e está forçando passagem à frente.
 É Kolbe. Nenhum temor em seu rosto. Nenhuma hesitação em seu passo. O chefe da guarda berra-lhe que pare ou levará um tiro.
- Quero falar com o comandante - diz ele calmamente.
 Por alguma razão, o oficial não o golpeia ou mata. Kolbe se detém a alguns passos do comandante, remove o chapéu e fita o oficial nos olhos.
- Herr Kommandant, gostaria de fazer um pedido, por favor.
O fato de ninguém atirar nele é um milagre.
- Quero morrer no lugar deste prisioneiro. - Ele aponta o soluçante Gajowniczek. O intrépido pedido é apresentado sem gaguejar.
- Não tenho esposa e nem filhos. Além disso, sou velho e não presto para nada. Ele está em melhor condição. - Kolbe conhecia bem a mentalidade nazista.
- Quem é você?
- Um sacerdote católico.
O bando fica atônito. O comandante, atipicamente sem fala.
 Após um momento, ele brada:
- Permissão concedida.
Os prisioneiros nunca tinham ordem de falar. Diz Gajowniczek:
- Eu podia apenas agradecer-lhe com os olhos. Eu estava atordoado e mal podia entender o que acontecia.
A imensidão daquilo: eu, o condenado, devo viver, e outra pessoa de bom grado e voluntariamente se oferece por mim - um estranho. É um sonho?
 O santo de Auschwitz continuou vivo depois que os outros nove já haviam morrido. Na realidade, ele não morreu de sede ou de fome. Morreu somente depois que o médico da prisão injetou-lhe ácido fênico no coração. Era 14 de agosto de 1941.
  Gajowniczek sobreviveu ao Holocausto. Conseguiu voltar a sua cidade natal. Todos os anos, entretando, ele retorna a Auschwitz. Todo 14 de agosto ele volta lá pra agradecer ao homem que morreu em seu lugar.
Em seu quintal existe uma placa. Uma placa que ele esculpiu com as próprias mãos. Um tribulto a Maximilian Kolbe - o homem que morreu para que ele pudesse viver.
Existem horas em que é preciso um anjo para nos relembrar do que temos. E o que temos é muito maior do que qualquer coisa que pudéssemos desejar.

                                                                            Max Lucado.

 Fiquem com Deus, e atentos aos seus anjos...   (:



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